domingo, 23 de agosto de 2009

Ajeitando a difícil balança dos desejos

Sem prejuízo da minha sanidade, eu quero amar. Sem ficar cego ou ficar mudo, eu quero ouvir. De cada música, uma nota que seja. A mais bonita. Ou a mais feia, a mais torta, mas que me toque. Sem ceder em nada da minha pureza, eu quero sexo. Do tipo que traz urros e arranhões, junto com risos e certezas. Sem abrir mão da minha paz, eu quero a estrada. O néctar que rodeia o mundo, mas volta sempre pro mesmo lugar. Eu quero a incerteza também, mas a incerteza que tem volta pro meu ninho. Sem abdicar de ser livre, eu quero o colo de minha mãe. Sem esquecer da minha auto-piedade, eu quero um choro precioso numa tarde qualquer. Mesmo que seja de sol. Sem deixar pra trás meu metodismo, quero a tontura de um bom álcool pelas veias. Quero a loucura, sem esquecer que eu sou menino bem criado. Sem lançar mão de hipocrisias, quero abraçar o mundo inteiro. Sem vomitar demagogia, quero ser bom, ao menos na metade do tempo. Sem negligenciar minha poesia, eu quero uma piada bem suja, uma conversa bem rasa, um filme bem não-profundo. Sem apelar pra gargalhada, eu quero um riso constante. Sem afastar as emoções, nem a verdade, eu quero ter, enfim, serenidade.

4 comentários:

  1. Assim somos nós...
    beijos nas costas que eu adoro arranhar
    da sua mistura eterna de Anais e June...
    rs...

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  2. Depois do amor, do sexo, do álcool, da estrada, da piada suja, da conversa rasa, do filme "besta", de qualquer coisa... pode contar com o colo. Beijo.

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